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O feminino na Biografia – As várias faces de Maria- Mês da Mães

Como podemos conhecer este “feminino” do ponto de vista da Antroposofia e no Cristianismo esotérico?
Na tradição católica ter o mês de maio dedicado a Maria, mãe de Jesus, surgiu por volta do século XII. Apesar de ser uma só, Maria tem muitos nomes, pois age e se apresenta de várias formas e faces, ela é Mãe, é Virgem, é Rainha, é Senhora nossa!

O feminino na biografia

Sendo a celebração no segundo domingo de maio, o Dia das Mães, o qual foi idealizado pela norte-americana Anna Maria Jarvis (1864-1948), que em 1905, quando ocorreu o falecimento de sua mãe, ficou deprimida, então resolveu homenagear o sentimento materno e depois se preocupou com a comercialização da data!
Ao meditarmos sobre o “feminino” temos que considerar as palavras “conhece-te a ti mesmo”, que se encontrava no pórtico de entrada do templo do deus Apolo, na cidade de Delfos na Grécia, elas não significam apenas que você olha para o seu próprio ser interior, mas que você frutifica com o que flui do mundo espiritual para você. “Conhece-te a ti mesmo” significa: Frutifica-te com o conteúdo do mundo espiritual!
Para isso são necessárias duas coisas, a saber, que o ser humano se prepare primeiramente através de uma autoeducação dos corpos físico, etérico, astral e a organização do Eu, e depois se abre livremente o seu ser interior ao mundo espiritual.
Nesse contexto, podemos comparar a natureza humana interior ao aspecto FEMININO, que é o conteúdo da Alma, e o espiritual ao exterior ao aspecto MASCULINO. O seu ser interior, isto é a Alma, deve tornar-se suscetível de receber o Eu superior, o Espírito.
Na Antroposofia, do ponto de vista da quadrimembração, compreendemos a natureza corpórea do ser humano formada por quatro corpos: o corpo físico-biológico, corpo etérico, corpo astral e o corpo da organização do Eu. Estando o corpo astral, que é a parte mais densa da Alma, e que é o corpo das nossas emoções, instintos e paixões, ao ser limpo e purificado, a fim de que não traga consigo as impressões impuras do mundo físico, mas apenas os órgãos de percepção despertos para o mundo espiritual, isto é chamado no Cristianismo esotérico de “pura, casta e sábia Virgem Sophia”. Por meio de tudo o que recebe durante a autoeducação e a catarse, limpamos e purificamos o corpo astral para que se transforme na Virgem Sofia. E quando a Virgem Sofia encontra o Eu Cósmico, o Eu Universal que causa a iluminação, a Virgem Sofia é rodeada de luz, luz espiritual, este segundo poder que se aproxima da Virgem Sofia e que é chamado no Cristianismo esotérico de “Espírito Santo”.
Assim adquirimos dois conceitos em seu significado espiritual. Aprendemos a conhecer a natureza da Virgem Sofia, que é o corpo astral purificado, e a natureza do “Espírito Santo”, o Eu Universal Cósmico, que é recebido pela Virgem Sofia e que pode então falar a partir deste corpo astral purificado.
Observamos que o arco-íris tem sete cores e a escala musical tem sete notas, também temos sete membros no ser humano. O ser humano, então além da quadrimembração, têm mais três membros em estado embrionário, que são: quinto, Manas; sexto, Buddhi; e sétimo, Atman, que é o Homem-Espírito, o estágio mais elevado de seu desenvolvimento, seu próprio corpo físico espiritualizado.
Portanto, parece claro que em cada ser humano, se quisermos considerá-lo como uma totalidade, temos diante de nós um fenômeno com duas partes – uma revelada e material, e outra oculta e espiritual. E só esse homem é um ser humano completo, capaz de combinar uma masculinidade externa com um belo caráter feminino interior.
Os homens desempenharam um papel maior porque o materialismo impele-se para uma cultura externa. Esta cultura externa é a cultura do homem porque foi concebida para ser uma cultura material. Mas devemos também estar conscientes de que, no desenvolvimento da história mundial, uma época cultural dá lugar a outra, e que esta cultura masculina unilateral deve encontrar a sua conclusão através daquilo que vive em cada ser humano. Percebemos isso precisamente na era desta cultura masculina. É por isso que, quando os místicos falavam do mais íntimo de suas almas, definiam essa alma como algo feminino.

A partir do verso de Goethe no ‘Chorus mysticus’ – Fausto.
“Tudo o que é transitório
Não passa de ilusão.
O inadequado
Aqui se torna evento;
O indescritível
Aqui está feito;
O Eterno-feminino nos eleva.”

Podemos analisá-lo de maneira correta e no verdadeiro sentido de Goethe, o caráter feminino da Alma; e foi precisamente a partir desta cultura masculina que o ditado: “O Eterno feminino nos leva ao alto”, assim, o Macrocosmo, foi retratado como um homem, e a Alma, que foi frutificada pela sabedoria do Cosmos, como o feminino.
Quando consideramos aquilo que cresce para além das diferenças de gênero, vemos a natureza superior do ser humano – aquilo que o “eu” cria a partir dos corpos inferiores. O homem e a mulher devem olhar para o seu corpo físico como um instrumento que lhes permite, numa ou noutra direção, serem ativos como uma totalidade no mundo físico. Quanto mais os seres humanos estão conscientes do espiritual dentro deles, mais o corpo se torna um instrumento e mais eles aprendem a compreender as pessoas olhando para as profundezas da alma.
Isso, na verdade, não lhe dará uma solução para a questão da Mulher, mas lhe dará uma perspectiva. Na realidade, só resolvemos criando essa disposição de Alma que permite que homens e mulheres se compreendam a partir da totalidade da natureza humana. Enquanto as pessoas estiverem preocupadas com a matéria, não será possível uma discussão verdadeiramente fecunda sobre a questão do feminino.
A humanidade será conduzida a superar o gênero em si e a elevar-se ao nível onde se encontra o Homem-Espírito ou Atman, que está além do gênero, além do pessoal – para ascender ao verdadeiramente humano.
Assim como Goethe, falando do fundo da alma, disse uma vez: “O Eterno-feminino nos eleva”, também outros que, como mulheres, sentem em si o outro lado do ser humano e que, num sentido verdadeiramente prático, compreendem a Ciência do Espirito e falará do Eterno-masculino na natureza feminina.
Então a verdadeira compreensão e uma verdadeira solução da Alma serão possíveis para a questão das Mulheres.
Pois a natureza externa é a fisionomia da vida da Alma. Não temos nada na nossa cultura externa senão o que os seres humanos criaram, o que os seres humanos traduziram dos impulsos para as máquinas, para a indústria, para o sistema jurídico. No seu desenvolvimento, as instituições externas refletem o desenvolvimento da Alma. Uma época, porém, que se apegou à fisionomia exterior, foi capaz de erguer barreiras entre homens e mulheres. Uma época que não esteja mais arraigada no que é material, no que é externo, mas que receberá o conhecimento da natureza interior do ser humano que transcende o sexo, e que, sem desejar rastejar na desolação ou no ascetismo ou negar a sexualidade, permitirá embelezar o sexual e viver naquele elemento que está além dele.
Teremos então uma compreensão daquilo que trará a verdadeira solução para a questão da mulher, porque apresentará, ao mesmo tempo, a verdadeira solução para a eterna questão da humanidade. Não se dirá mais então: ‘O Eterno-feminino nos eleva’, ou ‘O Eterno-masculino nos eleva’, mas, com compreensão profunda, com profunda compreensão espiritual, diremos: ‘O Eterno-Humano nos eleva. ‘.

Angélica Justo – Médica Antroposófica e Aconselhadora Biográfica – Fundadadora, gestora e docente da Escola Livre-Antroposofia-Formação e Estudos Biográficos-JF-MG.

Referência bibliográfica:
1-Mulher e Sociedade – GA 54 – Rudolf Steiner
2-O Evangelho de João – Cap. XII – A Natureza da Virgem Sofia e do Espírito Santo – GA 103 – Rudolf Steiner.

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